domingo, 31 de janeiro de 2010

Drº Gualberto Moreira

No prédio da Faculdade ou no seu entorno não existe nada que lembre àquela figura alegre, dinâmica e comunicativa. Nenhuma placa ou busto, muito menos uma fotografia. Mas foi na sua residência, esquina da Rua 15 de Novembro com a Brigadeiro Tobias, que foi gerada uma Faculdade de Medicina. Tal qual uma incubadora, àquela mansão recepcionou as personalidades que decidiram o futuro da primeira escola de medicina do interior do país. Como já citou um escriba: "sempre foi um homem dinâmico, de larga visão, revelando-se um político extremamente hábil".


Mas, todo esse precioso DNA veio de longe, mais exatamente das terras lusitanas, sendo seus pais José Maria Moreira e Maria do Carmo. Nascido em Sorocaba, em 22.08.1916, desde cedo manifestou vocação para medicina e política, tendo se formado aos 23 anos pela Universidade Federal de Curitiba (1939). Durante seus estudos conheceu uma curitibana - Sra. Yole Riva Moreira, com quem se casou, voltando para a terra natal. Teve quatro filhos, sendo um cirurgião plástico. Também se formou em Direito pela Universidade Católica de São Paulo (1956), onde lecionou medicina legal por algum tempo. Como médico fez especialização em ginecologia e obstetrícia, com consultório na Cel. Nogueira Padilha, onde ficou conhecido como médico dos pobres, pela legião de fãs.


Todavia, sua real vocação foi à política, exercida através de dois mandatos para prefeito, dois para deputado estadual e um federal. Na área da educação foi um plantador de escolas, semeando centros de ensino pela cidade (escolas primárias e secundárias), além da doação de terreno para a edificação do Colégio Salesiano. Mas o seu grande projeto de vida, o imenso sonho há muito tempo sonhado, foi à fundação de uma Faculdade de Medicina, "uma utopia numa cidade operária". E, depois, vieram outras, como as Faculdades de Filosofia e Direito. Também conseguiu a doação do Sanatório Leonor Mendes de Barros, desativado, para a instalação de uma Faculdade de Tecnologia e Engenharia, que, infelizmente, não aconteceu. Para a cidade construiu um majestoso Ginásio de Esportes, a sede própria do Clube de Xadrez, Pronto Socorro Municipal, além de numerosos melhoramentos, como a instalação de um ambulatório na Vila Angélica, na tentativa de descentralizar a saúde. Também foi presidente de honra de vários clubes da cidade. Após tantas e tão variadas realizações foi acometido de insidiosa doença, que fez sua vida definhar lentamente, para falecer aos 67 anos de idade. Mais exatamente, em 29.01.1984. "Só viver é insuficiente", dizia o escritor H. Christian Andersen. Realmente, precisamos de muito mais. Precisamos de idealismo, quimeras e coragem. Muita coragem, como os velhos patrícios lusitanos para enfrentar a borrasca da vida, a tempestade dos embates políticos e os vagalhões dos empreendimentos.

Como disse um adversário político: "Se Gualberto houvesse falecido durante um dia da semana, certamente teríamos assistido a um dos maiores enterros de Sorocaba". Ou, como falou outro político: "Foi o prefeito que mais contribuiu para o desenvolvimento da cidade". Certamente, "em uma grande alma, tudo é grande" (Blaise Pascal).

A alma do fundador da Faculdade de Medicina de Sorocaba não cabia dentro da anatomia de seu corpo. Pois, nele tudo foi grande.


Um semeador de sonhos, um plantador de escolas.

Fonte: A Revista do Médico - ANO XI - Nº 37 - SET/OUT 2005 - ÓRGÃO INFORMATIVO DA SOCIEDADE MÉDICA DE SOROCABA

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